Para Refletir

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Meu espelho

“Já há muito que não me esforço para que as pessoas gostem de mim. Sou como sou e não procuro agradar a ninguém. Também não faço por desagradar ou importunar, porque toda a tentativa de querer magoar alguém faz com que venha a receber aquilo que antes provoquei. Vivo a minha vida com a consciência de que agrado a uns e desagrado a outros, sem que tal evidência me faça no entanto mudar de atitude diante de todos e qualquer um. Em tempos, lutei contra uma enorme necessidade de aprovação que me aterrorizou durante anos pela hipótese de poder vir a ser rejeitado ou desamado. Através da decepção, percebi que a única aprovação de que necessito é da minha. Através da consciencialização das minhas intenções, comecei a fazer apenas aquilo que procedia da verdade que quem eu sou. É uma tarefa difícil, mas mesmo assim propus-me levá-la a cabo apenas em meu nome e não no de mais ninguém. Até pode parecer estupidez, mas se Deus falasse comigo agora, tenho a certeza de que me diria que já não me reconhecia por tudo aquilo que mudei em mim. Eu dir-Lhe-ia que há muito que apenas desejava ser arrojado nas minhas decisões mais firmes. Não duvido um segundo que sorriríamos um para o outro, num desses sorrisos de cumplicidade cada vez mais raros entre deuses e pessoas, e que eu saberia de imediato que querer apenas o amor dos outros é o mesmo que dizer que não fui feito para escolher aquilo que mais gosto de fazer por mim próprio.”

José Micard Teixeira

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