Para Refletir

domingo, 27 de março de 2016

Solidão, silêncio, liberdade


Praia de Esposende, Portugal














Há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade! Fernando Pessoa escreveu que “a liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo.” Concordo inteiramente com ele. Sinto-me livre e por isso abençoada!

Sempre gostei de ficar só. Não digo só o tempo todo, mas só por algum tempo. Acho que todos nós precisamos de um pouco de solidão e acho que, no fundo, até mesmo quem diz não gostar de ficar só, tem um pouquinho de solidão dentro de si. Reconheço que estava a precisar de ficar só! Esta Páscoa trouxe-me essa solidão!

Minha alma tem o peso da luz, tem o peso da música, tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita, tem o peso de uma lembrança, tem o peso de uma saudade, tem o peso de um olhar, pesa como pesa uma ausência, e a lágrima que não se chorou tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.

O amanhã é sempre uma surpresa. Eu preciso do tempo como necessito do meu espírito neste corpo. E sempre penso que tudo vai ficar bem... Que tudo passa... Que tenho que VIVER cada segundo como se fosse o último, que devo aceitar as situações que não consigo controlar e entregá-las nas mãos de Deus!

Aqui, neste lugar, imagino que ter-te por instantes satisfaz a enorme ausência de ti em mim... Acalma ... Relaxa... Uma explosão de luz, felicidade e paz vem de repente, e vai-se ao mesmo tempo. Às vezes fica por um breve e precioso tempo, as vezes instala-se de uma tal forma que dói e fica horas, dias… e já lá vão meses!

Cada dia que amanhece é mais uma surpresa que surge com ele. Não sei o que há de me concederem, só sei que com vida, novamente sou presenteada, e vejo que o desafio continua! Tento desafiar o meu próprio coração, meu corpo também... Às vezes vejo que chego ao limite, e que minha fraqueza domina, sem forças não consigo encontrar-me, e apenas deixo a vida levar-me, a onda acariciar meus pés novamente…
Olho para o infinito e de repente tudo me acalma e tranquiliza. Escuto o barulho do mar, e minhas mágoas, tristezas e lamentações vão-se de repente! Fico dominada pela vida.

E nesse momento, queria-te aqui, ao meu lado, queria falar da paz que me dominara naquele instante, ou até mesmo coisas que o tempo me ensinou nesta tua ausência. Mas estou só! Não há ninguém comigo, além de espíritos protetores!

E assim continuo… seguindo… um dia após o outro…
Olho para o nada e vejo tudo. Consigo enxergar esse enorme vazio que há no meu ser.
Até quando? Não sei!

Eu Sou
Carla Tavares
2016-03-27, 15:15

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