Para Refletir

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Queixumes e ressentimentos


O ego adora queixar-se e sentir-se magoado não apenas pelas outras pessoas, mas também pelas situações. O que aplicamos a uma pessoa também podemos aplicar a uma situação: transformá-la num inimigo. A implicação é sempre a seguinte: isto não devia estar a acontecer; não quero estar aqui; não quero estar a fazer isto; estou a ser tratado injustamente. E é claro que o maior inimigo do ego é o momento presente, isto é, a própria vida.
O queixume não deve ser confundido com comunicar a alguém um erro ou uma deficiência para que este possa ser reparado. E não nos queixamos não significa necessariamente que temos de tolerar a má qualidade ou um mau comportamento. O ego não está presente quando dizemos ao empregado que a nossa sopa está fria e precisa de ser aquecida - se nos limitarmos aos factos, que são sempre neutros. «Como se atreve a servi-me a sopa fria...». Isto é um queixume. Existe aqui um «eu» que adora sentir-se pessoalmente ofendido pelo facto de a sopa estar fria e que vai aproveitar-se disso ao máximo, um «eu» que gosta de fazer dos outros os maus da fita. O queixume a que nos estamos a referir está ao serviço do ego, não da mudança. Por vezes, torna-se óbvio que o ego realmente não quer mudar para poder continuar a queixar-se.


Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 57)

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