Há pouco, enquanto caminhava pelas ruas da cidade, ouvi alguém gritar por mim:
-
Professora! Você foi minha Professora, não foi? Professora de Inglês,
certo? (Insistia o jovem, que deveria ter uns 25 anos, enquanto eu
apelava à minha memória de elefante!...)
- Possivelmente! - respondi, sorrindo.
-
Não mais esqueci de si! Você foi mais do que minha mãe, e eu gostava de
todas as vezes que você passava a sua mão pela minha cabeça, sorria e
me segredava: "Calma! Eu acredito em ti! Tu és fantástico e vai dar tudo
certo!"
Isso foi há uns 15 anos e ele não esqueceu. Lembrei também
daquele menino com olhos tristes, desassossegado... e de como
desassossegava muitos dos meus colegas! (rsrsrs) Porque o professor
marca a vida das pessoas e eis uma grande responsabilidade essa de ser
exemplo para os outros. Porque o outro pode não dar certo, o outro pode
partir para as escolhas erradas, o outro pode sucumbir aos barrancos que
a vida lhe traz. E eu senti-me triste, pois foi uma vida que nem eu nem
a escola pudemos tocar, uma vida cujo amor infelizmente foi mais fraco
do que o ódio que este mundo carrega na escuridão das suas dores, da sua
injustiça social, dos apelos das drogas, da falta de oportunidades, da
irresponsabilidade parental, do preconceito e da intolerância. Foi
isso... Ou terei tocado naquele coração? Terei feito o suficiente ou
poderia ter feito mais? Bem, aquele menino de olhos tristes, hoje,
lembrou-se de mim, e estava feliz!...
CT, 2016-02-29
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
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