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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Ser Professor

Há pouco, enquanto caminhava pelas ruas da cidade, ouvi alguém gritar por mim:
- Professora! Você foi minha Professora, não foi?  Professora de Inglês, certo? (Insistia o jovem, que deveria ter uns 25 anos, enquanto eu apelava à minha memória de elefante!...)
- Possivelmente! - respondi, sorrindo.
- Não mais esqueci de si! Você foi mais do que minha mãe, e eu gostava de todas as vezes que você passava a sua mão pela minha cabeça, sorria e me segredava: "Calma! Eu acredito em ti! Tu és fantástico e vai dar tudo certo!"
Isso foi há uns 15 anos e ele não esqueceu. Lembrei também daquele menino com olhos tristes, desassossegado... e de como desassossegava muitos dos meus colegas! (rsrsrs) Porque o professor marca a vida das pessoas e eis uma grande responsabilidade essa de ser exemplo para os outros. Porque o outro pode não dar certo, o outro pode partir para as escolhas erradas, o outro pode sucumbir aos barrancos que a vida lhe traz. E eu senti-me triste, pois foi uma vida que nem eu nem a escola pudemos tocar, uma vida cujo amor infelizmente foi mais fraco do que o ódio que este mundo carrega na escuridão das suas dores, da sua injustiça social, dos apelos das drogas, da falta de oportunidades, da irresponsabilidade parental, do preconceito e da intolerância. Foi isso... Ou terei tocado naquele coração? Terei feito o suficiente ou poderia ter feito mais? Bem, aquele menino de olhos tristes, hoje, lembrou-se de mim, e estava feliz!...

CT, 2016-02-29

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Carta de uma Criança Índigo a um Professor


Olá e obrigado por ler a minha carta.

Eu sou aquela criança que normalmente não pára quieta na carteira, e a quem está sempre a dizer para se calar. É que, às vezes, eu entendo as coisas antes do Senhor acabar de explicar a matéria e, se tem de repetir, aborreço-me. Às vezes posso ser muito mal-educado ou explosivo para chamar a atenção. Gosto de falar de temas que o senhor "acredita" não serem para a minha idade. Está sempre a dizer aos meus pais que não consigo aprender, no entanto, se alguma coisa me interessa aprendo facilmente, mas quando já tenho conhecimentos suficientes ponho de lado porque me aborreço.

Não contesto a autoridade, mas o entendimento e as explicações. Aprendo por imitação: o seu exemplo para mim é muito importante. Segundo o senhor, estou sempre a transgredir as normas e a criar outras. Sou esse gênio em "potência" que se se concentrasse em algo seria melhor...

Os meus pais levaram-me ao médico e dizem que tenho ADHD, uma coisa chamada “Deficiência de Atenção com Hiperatividade”, e isso quer dizer que não paro quieto, não posso prestar atenção durante muito tempo, distraio-me facilmente e, além disso, sou hiperativo.

O médico queria que eu tomasse Ritalin (a minha mãe recusou dizendo que as anfetaminas criam toxicodependentes). Então, ela investigou e, agora, faço coisas que direcionam a minha energia (desporto, artes marciais, Tai-chi, Yoga), e evita dar-me alimentos com açúcar ou glicose e sinto-me mais calmo.
Não gosto que me tratem como criança, talvez saiba menos de certas coisas, mas isso não significa que não saiba. Estou no meu processo.

Dê-me mais tempo para assimilar as coisas, pois aprendo de maneira diferente.

Se eu não aprendo de uma forma tradicional... porque usa sempre a mesma maneira? Quem sabe se fosse um método mais prático?

Estou sempre a perguntar... porquê? Isso não quer dizer que o estou a pôr à prova, tenho somente curiosidade. Se não souber a resposta diga-me. Não seja evasivo, guie-me para eu encontrar a resposta.
Gostaria que me incluísse quando tomasse decisões que me afetam, não sou simplesmente mais um aluno.
Gostaria que reconhecesse que sou diferente e não que me classificasse como diferente.

Não sou nem mais nem menos que o senhor. Se me explicasse para que serve o que estudamos e que para conseguir certas coisas preciso de disciplina, reagiria de maneira diferente.

Quando não me conseguir concentrar faça alguma atividade para me distrair: um jogo, música, dança... Mas não grite comigo.

Sei que muitas vezes se desespera na sala de aula pois nenhum de nós lhe presta atenção. Já se preocupou em saber o que realmente nos interessa?

Despeço-me com Amor

José Manuel

(Este texto foi escrito por José Manuel Piedrafita Moreno, Educador e Índigo Adulto)

(É livre de usar e divulgá-lo desde que não altere integral ou parcialmente, incluindo os créditos).