Nos meus relacionamentos amorosos, quantas vezes eu fui o caos disfarçado de paixão? Quantas vezes me aproximei, prometendo cuidado, mas carregando comigo um peso que não era delas carregar? Quantas vezes parti corações porque fui incapaz de enfrentar os meus próprios medos, traumas e dores?
A verdade é que, por muito tempo, eu me refugiei na ignorância. Era mais fácil apontar o dedo para fora, culpar o destino, a incompatibilidade ou até mesmo elas, do que encarar a escuridão que habita dentro de mim. Eu escolhi o conforto de não mexer nas feridas que se tornaram parte de quem eu era. Essas feridas, no entanto, sangraram sobre pessoas que só queriam me amar.
Houve momentos em que eu vi o reflexo do meu caos nos olhos delas — o cansaço, o vazio, a frustração de quem tentou, de quem lutou para me mostrar que o amor podia ser mais leve, mas eu não estava pronto. Eu fugia. Eu me fechava. Ou pior, projetava nelas as dores que, no fundo, eram minhas. Elas se tornaram vítimas de batalhas que não eram delas.
Hoje, me pergunto: quantas delas saíram destruídas de algo que deveria ter sido amor? Quantas delas perderam a fé no que poderia ser leve porque eu não tive coragem de olhar para as minhas sombras e curar as minhas feridas?
Crescer, amadurecer e amar de verdade exige coragem. A coragem de olhar para o espelho e ver, além das máscaras que usamos, as partes de nós que ainda doem. Exige responsabilidade: assumir que, enquanto eu não enfrentar minhas sombras, o amor que eu der virá sempre misturado com dor.
A verdade é que não posso voltar no tempo para apagar o que fiz, mas posso mudar o que ainda serei. Posso fazer o trabalho interno que é só meu — mergulhar nas minhas profundezas, cuidar do que me destrói por dentro, para que eu não continue destruindo os outros. Amar começa dentro de mim. E só quando eu estiver inteiro poderei oferecer um amor que não machuque.
Porque a pergunta que realmente importa é: Quantas mulheres mais eu vou destruir antes de decidir me curar?
Carla Tavares
CT, 05-01-2025, 13:33
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